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sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Ando sem título e sem rascunho

Minha esperança é poder me perdoar por ser tão imaturo a ponto de não ter forças à amadurecer junto de você.  Qualquer um em sã consciência aceitaria conviver com seu sorriso despretensioso pro resto dos dias. Maldita sorte de encontrar você tão cedo. Amaldiçoei minha sorte sem pudor algum.. talvez pela tendência auto-destrutiva tão contextualizada na maioria das cabeças pensantes e solitárias do mundo. Talvez eu queira ser assim, metido a solitário, uivando minha frustração à lua.. imaginando ser só ela a entendedora deste ser pateticamente insatisfeito que sou eu, num charme desambicioso e completamente dramático. Tão clichê...

Você foi a primeira e a, possível, eterna dona das minhas aspirações mais profundas.  Se eu pudesse andava nu! Toda roupa no armário tem uma lembrança única sua.. nos bolsos ainda têm uma quantidade razoável de culpa e de ressentimento. Será que só eu jogo tudo no bolso? O que não tá no meu bolso, tá no meu hospício particular que eu chamo de "cabeça". Provavelmente vou manter você (suas lembranças) lá pro resto da vida, acalmando seu ímpeto apaixonante com milhares de remédios específicos e sedativos baratos que acho na rua a qualquer hora. Dedicarei meu tempo pra manter você (suas lembranças) forrada em mim; te mantendo dormindo e aquecida e ,provavelmente, toda noite um beijo na testa me restará lhe dar.. esperando que você (suas lembranças) continue tranquila e bem composta dentro de mim, pois é, sempre quis ser um bom anfitrião. Entretanto, fora do meu hospício.. só me resta a esperança de que você (você de verdade) encontre alguém menos clichê do que eu. Menos uivante à lua, mais uivante à você.

Engraçado fazer um texto com tanto "eu", com tanto "você" e nenhum "nós" (tirando esse).
Dizem que todo sorriso tem um ar de superação.. então, saiba que se me ver sorrindo na rua alguns méritos são seus. Vários méritos serão seus e só seus. A gente sabe bem..
Construímos castelos inteiros nos divertindo, aprendendo em cada base, evoluindo juntos, um com a pá e outro com a areia, trocando exigências, diligências e amor como nunca se viu... mas chega uma hora que a maré enche e não construímos nossa muralha tão forte assim.. talvez por algum motivo claro.. talvez só por inexperiência.

Testemunhei você e seu coração único durante quatro anos. Saber disso é uma das maiores alegrias da minha vida.

Tantos anos de "te amo" e esse é meu último, oficialmente:
Te amo, lindona.

sábado, 18 de agosto de 2012

Definitivo

Saiba, meu jovem... 
Que nem tudo que consola é eficiente. 
Que nem tudo que dói é massacrante. 

Todo rastro de sonho que se deixa é fatalmente inquietante 
Mas nem sempre a solidão assola o navegante. 

Vá além da redundância quando lhe digo: 
"Toda forma de vida nesse mundo é um impetuoso sobrevivente"


(Um velho amigo que eu chamo de "consciência" me disse)

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Uma Inóspita tentativa de fugir de si mesmo

A Carta



" Irei bater em sua porta e fingirá eu inexistir. 
Mas sabe que tenho a chave desse seu porão. 
Não adianta tentar me usurpar, 
sei como ninguém, sentir o fardo de fingir. 
Não sou cega como o amor nem surda como a paixão. 
Eu sei que sou sóbria demais pra você. 
Apenas irei entrar, sussurrar ao seu ouvido, 
e te abraçar como nunca. 
Uma vez pela noite, 
como uma prece.

 Prometo que depois desfaço-me ao vento, 
gritando:  'Eu trarei novidades amanha!'. 

Atenciosamente, 

 A solidão. "

terça-feira, 1 de maio de 2012

Sua maior descoberta será descobrir a si mesmo

Descobridora dos sete males (parte 1)


Quem a magoou não sabia amá-la 
pelo medo excessivo de ser rejeitado.
E ela, que o amou demais, deixou de adorá-lo 
pelo medo excessivo de enfrentá-lo.
Dolorida, ela achou o mundo raso demais pra compreender sua profundidade.
Acabou se aprofundando em si mesma, 
num tom resoluto e desesperado de refúgio.

Logo, descobrira que o medo é áspero demais para excessos e deslizes.




Ela descobriu que aquele a se acostumar com o medo, 
há de virar seu confidente.
Descobriu que a disposição de mudar é firme, apenas, 
no começo da desordem interna.
E, se reprimida, a vontade de mudar vira frustrante.
Então, como toda dor doméstica, 
seu ego tende a forrá-la num intuito ilusionista.
Mas ela sabe bem que fugir de uma fonte acomodada de frustração, 
por vezes, é tão difícil quanto fugir de uma fonte de prazer.
Felizmente, ela sentirá esse desejo reprimido de mudança 
em cada partícula do seu corpo.
Como uma defesa.

Eis que surge o fiel cobertor contra o frio das frustrações:
A ilusão.

Ela descobriu que toda ilusão dolorosa só se concretiza por uma simples condição:
-Intolerância excessiva às verdades alheias.-
Descobriu que é defensivamente instintivo criar uma miragem.
Mas apenas se acomoda com a ilusão aquele que não consegue achar realidades suficientes que superem o patamar elucidante e afável de um bom sonho.

terça-feira, 24 de abril de 2012

Enquanto isso no imaginário colateral de um autor






Dois personagens fictícios se encontram e duelam desabafos:


(1) -- Cara, nosso autor não anda nada bem... uma nota de rodapé tagarelou que ele está com o "mal do século". 
(2) -- Ela insinuou alguma ideia do motivo da depressão?
(1) -- Não, você sabe como são essas notas de rodapé ... sempre querendo ser referência e sugando sua estima! Eu mesmo não quis perguntar, fiquei com receio que ela me achasse um daqueles sanguessugas de opinião.
(2) -- Essa sua insegurança crônica diante das possíveis interpretações alheias é típica de personagem coadjuvante... 
(1) -- Já conversamos sobre isso! Meus problemas interpessoais abrandarão somente no final da história, não enxerga?! Um coadjuvante problemático e insolentemente despretensioso é o lubrificante da trama e engrandece as qualidades eminentes do personagem principal. Não enxerga ainda!?
(2) -- É verdade. Até que você comporta uma certa intelectualidade. Mas todo este discurso não serve para seu personagem. Esqueceu quem é uma reles árvore falante com crise de identidade por não conseguir dar frutos?


(1) -- HaHa! Não falarei absolutamente nada, pois não vou ser escravo da resposta. O silêncio tolerante é minha arma contra a sua ignorância ! Mas devo-lhe advertir que sou uma árvore essencial no enredo, ouviu bem?!
(2) --  ... Desculpe-me pela minha insalubridade compreensiva intencional, foi uma brincadeira.
(1) --  Desculpado. Mas não precisa ser sempre tão culto e meticuloso, o autor lhe fez tão chato assim? Aqui o seu nível cultural não lhe determina.
(2) --  Por falar no nosso autor, devo desabafar que tenho dó dele nesse mundo desgastante e emocionalmente disléxico no qual ele vive.
(1) -- Eu soube que lá não conversam com as árvores e nem com eles próprios. Um conhecido do capítulo sete me informou que no outro mundo tudo precisa ser burocrático o suficiente para só e somente poucos deles poderem interpretar, moldar as interpretações e conter os interpretadores que não estão de acordo com os intérpretes do comando. Não entendi muito, mas dá pra perceber que soa sombrio e escravista.
(2) -- É tão estranho pensar que somos frutos de uma realidade tão podre.
(1) -- É verdade! É tão desalmante me imaginar no mundo deles ...

...


segunda-feira, 23 de abril de 2012

Dos enjaulados-por-si-próprios.


O tripulado tripulante.


Pensei: sou tão novo!
Devo-me a espera,
ou escolto-me ao centro do furacão?
Talvez haja o dia que perceberei:
a tempestade ousa sempre cair.
E vira questão de escolha e sobriedade
enrugar-se com as consequências ou não.

Enquanto entorpeço-me de conforto e calmante,
na aurora dos meus próprios sonhos,
sinto-me um mero tripulante.





Os meus valores, alguns desvalorizaram-se como os réis e o tostão.
"Alguns" que não são meus,
são apenas conivências medrosas de uma crucificada geração.
O que me sobra se não moldar meu próprio espelho?
Reflexo meu que já existia antes de me tornar luz.

O futuro é tão traçado e o presente é um covarde inibido.
E eu um fruto saudoso de enjaulados-por-si-próprios,
Sentindo o cheiro enferrujado da verdade inalando dentro de nós.



domingo, 22 de abril de 2012

O "judicioso" progresso com base na desigualdade


Um documentário primoroso chamado "Da Servidão Moderna". É esse o motivo do post. A poesia, como toda arte, tem o valor de exprimir. Numa sociedade subserviente do consumismo e das moralidades obscuras e disléxicas , a arte exprimirá o massacre dessa crônica submissão.

Aconselho assistir:

Da Servidão Moderna.


Sinopse: “A servidão moderna é uma escravidão voluntária, consentida pela multidão de escravos que se arrastam pela face da terra. Eles mesmos compram as mercadorias que os escravizam cada vez mais. Eles mesmos procuram um trabalho cada vez mais alienante que lhes é dado, se demonstram estar suficientemente domados. Eles mesmos escolhem os mestres a quem deverão servir. Para que esta tragédia absurda possa ter lugar, foi necessário tirar desta classe a consciência de sua exploração e de sua alienação. Aí está a estranha modernidade da nossa época. Contrariamente aos escravos da antiguidade, aos servos da Idade média e aos operários das primeiras revoluções industriais, estamos hoje em dia frente a uma classe totalmente escravizada, só que não sabe, ou melhor, não quer saber. Eles ignoram o que deveria ser a única e legítima reação dos explorados. Aceitam sem discutir a vida lamentável que se planejou para eles. A renúncia e a resignação são a fonte de sua desgraça”.